06/10/2025
O Papa Leão XIV reforçou, durante um encontro com líderes de tecnologia no Vaticano, a necessidade de que o desenvolvimento da inteligência artificial siga princípios éticos que respeitem a dignidade humana. O pontífice alertou para os riscos da IA no desenvolvimento cognitivo das crianças e destacou que o acesso a grandes volumes de dados não equivale a verdadeira inteligência. O evento, que reuniu representantes de gigantes da tecnologia como Google, OpenAI e Meta, discutiu os impactos sociais e éticos da IA em um momento de avanços acelerados e pouca regulamentação global. Para o Papa, é essencial que empresas e governos priorizem o bem-estar humano frente aos interesses econômicos.
Em um encontro estratégico no Vaticano com gigantes da tecnologia, o papa Leão XIV reforçou um recado claro: o desenvolvimento da inteligência artificial precisa respeitar a dignidade humana em todas as suas dimensões — material, intelectual e espiritual.
A declaração foi enviada na última sexta-feira (20), durante a Conferência Anual de Inteligência Artificial realizada em Roma, que reuniu representantes do Google, OpenAI, Anthropic, IBM, Meta e Palantir, além de acadêmicos de Harvard, Stanford e autoridades da Santa Sé.
“É fundamental que o desenvolvimento da IA considere o verdadeiro bem-estar da pessoa humana, e isso vai muito além de avanços materiais”, destacou o pontífice. Para ele, o acesso massivo a informações proporcionado pela IA não pode ser confundido com inteligência autêntica.
Leão XIV também demonstrou preocupação com os impactos da tecnologia no desenvolvimento cognitivo das crianças. “O futuro da sociedade depende de proporcionarmos a elas a oportunidade de desenvolver plenamente os dons que receberam de Deus.”
O encontro no Vaticano acontece em um momento crítico para a IA, com avanços acelerados e um cenário global polarizado. De um lado, há expectativas sobre os benefícios da tecnologia: aumento de produtividade, aceleração de pesquisas e até o combate a doenças. Do outro, crescem as preocupações com perda de empregos, proliferação de fake news, riscos ambientais e o potencial de uso da IA em armas e vigilância.
Leão XIV destacou: “A IA tem sido utilizada para promover maior igualdade, mas também carrega o risco de ser explorada para interesses egoístas ou até para fomentar conflitos.”
Apesar de não possuir poder regulatório, o Vaticano vem ganhando destaque no debate global sobre ética em tecnologia. Desde 2020, a Igreja Católica vem liderando iniciativas como o “Chamado de Roma para a Ética na IA”, firmado por empresas como IBM, Microsoft e Qualcomm. Em 2024, o Vaticano ainda marcou presença histórica no G7, onde o Papa Francisco lançou as bases de uma governança ética para a IA.
Agora, Leão XIV segue os passos de Francisco e resgata a tradição social da Igreja, inspirando-se em Leão XIII — papa que liderou a Igreja na Revolução Industrial e defendeu os direitos dos trabalhadores. Para o atual pontífice, a revolução tecnológica que vivemos exige um novo olhar ético e responsável por parte das empresas e governos.
“Estamos diante de uma nova revolução industrial. O ensino social da Igreja continua sendo um guia potente para construirmos uma sociedade mais justa diante desses desafios”, afirmou o papa.
Durante o evento, realizado no Palácio Apostólico, os debates giraram em torno da governança da IA: como equilibrar lucros e responsabilidade ética? Essa discussão ganha ainda mais urgência diante de propostas nos EUA que visam suspender por 10 anos a aplicação de leis estaduais sobre inteligência artificial.
Para Leão XIV, a resposta não é opcional. Em sua mensagem final, o pontífice foi direto: “As empresas de tecnologia precisam reconhecer e respeitar o que há de único e insubstituível na pessoa humana. Nenhum algoritmo pode substituir a essência de ser humano.”
Postagem Recomendada
Todos os direitos reservados © 2025 InfoConnect
Deixe um Comentário